domingo, 4 de outubro de 2009

Mentiras

Ontem pouco antes de entrar para realizar a prova online de Criminologia na UNESA estava debatendo um assunto com uma colega psicólga que cursa direito. Estávamos falando da mentira. Ela me autorizou a colocar as suas teorias aqui, pois existem mais que uma. De acordo com ela a mentira não é uma coisa do mal, muito pelo contrário, é um instrumento que serve de nivelador para consertar um sentimento psíquico, como por exemplo quando alguém te pergunta sobre aquela velha chata e você responde que ela é um doce, ou quando durante uma ocasião importante vem aquela pessoa feia e pergunta como ele (a) está parecendo e você responde que muito bem. Nestes dois últimos casos e outros similares a mentira foi utilizada para resguardar a auto-estima do próximo e evitar que ele entre em colapso, pois algumas vezes a verdade machuca, e a mentira se tornou o remédio contra esse machucado. Porém como qualquer remédio ou instrumento, a sua overdose, ou mal uso pode causar um mal, sendo que a partir daí existem duas vertentes: A mentira natural e a mentira positiva! A primeira geralmente é usada em situações inesperadas e com o objetivo de proteger ou projetar o ID (EU-SER) do sujeito, como por exemplo a situação de você encontrar uma pessoa num determinado local e pergunta o que lá ele (a) está fazendo e obtém aquela resposta esfarrapada, mas que só diz respeito à pessoa, ou então quando você encontra com alguém que diz estar super bem, conseguiu isso e aquilo, quando você sabe que sua vida está passando por um momento conturbado, surgindo então essa necessidade de mentir, por isso mentira natural, contudo esse é um tipo de mentira que não passa da pessoa que usa, por isso pode-se dizer que é uma mentirinha ou mentira "benigna". Agora o pior tipo de mentira é a positiva, aquela com a intenção de ferir outras pessoas, apenas usada com o objetivo de atingir terceiros sem ao menos tocar no sujeito que a dissemina, sendo que ela se divide em 2 hipóteses: A direta e a indireta. A primeira é mais fácil de entender, quando por exemplo alguém fala que viu fulano com ciclana ou vive-versa, ou diz que descobriu um segredo de uma pessoa, mas tal fato não existe. Esse tipo é passado diretamente com a intenção de ferir o próximo. É um tipo ruim, mas nenhum se compara à mentira positiva indireta. Esse tipo é aquele que "mascara" a mentira, e a manifestação de ferir o próximo está escondida dentro da mentira. Pode-se citar os seguintes exemplos: Seu conhecido (a) está planejando uma festa de aniversário, e você por frequentar o mesmo círculo de amizades sabe que tal festa vai ocorrer, é claro que você não vai se auto-convidar (se não for cara de pau), mas aguardar o convite, mas não o recebe, e de repente você encontra com o aniversariante na rua. Como qualquer pessoa educada você o (a) cumprimenta e pergunta sutilmente se vai ter festa, e a resposta que obtém é um não, diversas vezes seguidos das mais mirabolantes explicações, você demonstra ter engolido e despede-se. Mas o que houve ali de tão diferente dos outros casos? Nessa situação, o sujeito ao mentir não atingiu terceiro diretamente, nem prejudicou ninguém, então como esse pode ser o pior tipo? A resposta é a mais simples de todas: A pessoa escondeu o real motivo da mentira, que era dizer: "Eu não quero que você vá a minha festa!", contudo é uma indireta para outras razões ocultas, certamente no mínimo porque não existe uma cordialidade que a outra acredita que existe e percebe na verdade o uso de uma pessoa pela outra. Esse tipo de mentira é exatamente o tipo usado pelos políticos brasileiros, o pior tipo, e o mais engraçado de tudo é que quem mente acredita piamente que está enganando o outro. Um exemplo diverso do mesmo caso seria quando alguém bloqueia você no MSN, AIM, ICQ, entre outros. Existem diversas formas de saber isso, nesse caso ninguém engana mais ninguém, mas indiretamente (mascaradamente) é dito para a outra pessoa: "Não quero falar com você", mas esse é apenas o instrumento, o porquê disso que está sendo protegido pela máscara e ninguém consegue ver. São nesses dois últimos casos que acontecem as famosas decepções, quando o "mundo cai" porque aquela pessoa que você acreditava piamente é na verdade uma pessoa falsa com a intenção de usar você, por isso o excelente ditado antigo: "A máscara caiu". Porque é quando a "máscara" cai que você descobre a verdadeira essência daquela pessoa. Achei muito interessante essas teorias da minha colega de faculdade, por isso resolvir postá-la aqui. Inclusive o desfecho dela com o ditado popular, muito bom, espero que vocês gostem dessa.

2 comentários:

Tatiana Leite disse...

Amigooooooooooo, adorei!!!
Queria colucar no meu orkut mas não estou conseguindo pq é muito grande....snif snif!!!

Paulo R. disse...

a alethéia grega!

Mas nos estudos da pragmática da linguagem, verdade e mentira são falsas questões. O que interessa é o ato da fala em seu contexto interessando muito mais do que seu simples conteúdo! Simples enunciação e contexto

Abraço!!